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sábado, 26 de abril de 2014

Formas de Custeio: Custo Padrão e Custo de Reposição


Formas de Custeio: Custo Padrão e Custo de Reposição




Definido o método de custeio, a etapa seguinte consiste em escolher a forma ou sistema de custeio. Como já vimos, a forma de custeio está ligada à  teoria e modelos de mensuração. Neste momento, trata-se de optar qual o padrão monetário a ser utilizado dentro do método de custeio.
                O modelo de mensuração natural parece ser obviamente o custo real. Nos primórdios da contabilidade de custos isto era uma verdade. Contudo, a consolidação dos conceitos de planejamento, orçamento, administração por metas ou objetivos, desenvolvimento de produtos,  trouxe a necessidade gerencial de antecipação da informação do custo futuro dos produtos e serviços. Tendo em vista que o custo real para ser calculado é necessário o uso de informações passadas, surgiu o conceito de custo padrão. O custo padrão é calculado baseado em eventos futuros de custos ou eventos desejados de custos, que podem ou não acontecer na realidade da empresa.

5.1 Definição e características
                Um padrão representa medidas físicas e monetárias, relativos a elementos de receita e custo dos eventos, transações e atividades adequadamente mensurados, que deveriam ser atingidos a partir de condições preestabelecidas, vinculadas à decisão de elaborar uma unidade de produto ou serviço, num determinado momento de tempo.[1] 

5.1.1 Características
                O custo padrão tem as seguintes características:
·         Compõe-se de elementos físicos e monetários.
·         Utiliza-se de dados e informações que devem acontecer no futuro.
·         Deve ser cuidadosamente predeterminado, dentro de bases unitárias.
·         Aplicável basicamente a operações repetitivas, servindo como medida predeterminada estável para processos  e atividades organizacionais específicas.
·         Deve servir como modelo de comparação ou meta.

O conceito de custo padrão representa um grande avanço para a contabilidade de custos. Permite trabalhar a gestão de custos dos produtos e serviços de forma antecipada, ao mesmo tempo que dá a possibilidade de aplicação como parâmetro para avaliação de desempenho das tarefas e pessoas responsáveis pelas operações e aquisição de recursos.

5.1.2 Custos orçados ou estimados

                A diferença entre custos orçados ou estimados e custo padrão está em que os custos orçados procuram identificar os custos que deverão ocorrer no futuro, enquanto que o custo padrão pode incorporar metas de realização de custos. Os custos orçados tem por base antecipar os gastos que deverão ocorrer e que afetarão o custeamento dos produtos.  Em outras palavras, os custos orçados ou estimados tem como foco os custos que devem acontecer, enquanto que custo padrão tem como foco os custos que deveriam acontecer.

5.2 Finalidades do uso do custo padrão
                O custo padrão é uma das técnicas para avaliar e substituir a utilização do custo real. Independentemente de a empresa utilizar o método do custeio direto ou custeio por absorção, ela pode utilizar o conceito de custo padrão. Custo padrão se diferencia do custo real, no sentido de que ele é um custo normativo, um custo objetivo, um custo proposto ou um custo que se deseja alcançar.
                Por isso, na elaboração do padrão, a empresa pode incorporar metas a serem atingidas pelos diversos setores fabris e operacionais, no sentido de que tais avaliações de custos sejam alcançadas. Nesse sentido, o custo padrão é uma ferramenta indispensável para controle dos custos, das operações e das atividades.
                O custo padrão pode ser utilizado para diversas metas ou objetivos. Entendemos, porém, que o maior objetivo do custo padrão está ligado aos conceitos de controlabilidade empresarial. Assim, os objetivos mais importantes do custo padrão seriam:

a)      determinar o custo que deve ser, o custo correto;
b)      avaliar as variações acontecidas entre o real e o padronizado;
c)       definição de responsabilidades e obtenção do comprometimento dos responsáveis por cada atividade padronizada, servindo como elemento motivacional;
d)      avaliação de desempenho e eficácia operacional;
e)      base para o processo orçamentário.

                Além disso, podemos identificar outros aspectos importantes como veremos a seguir.

5.2.1 Substituir o custo real
                O custo real representa o custo acontecido. Como instrumento de planejamento estratégico ou operacional, o custo real não tem nenhum significado. O custo real para avaliação de inventário serve apenas para atender as necessidades legais e fiscais da contabilidade empresarial.
                O custo real tem validade apenas no sentido em que, após a análise de suas variações, em cima de um custo padrão, identificam-se as causas do porquê das variações, e através delas, se permita corrigir os rumos atuais. Para o dia a dia, o custo padrão representa muito mais utilidade que o custo real. Além disso, o custo real apresenta muita variabilidade unitária, uma vez que depende do volume de atividade, produção ou venda. Adicionalmente, sabe-se que um sistema de apuração do custo real para todAs as atividades, processos, produtos e serviços tende a ser lento e caro.
                Outra vantagem na substituição do custo real está em que o custo padrão não precisa ser calculado mensalmente. O seu cálculo pode ser feito a períodos de tempos maiores, como seis meses ou um ano. A sua atualização pode ser feita pelos critérios de inflação interna da empresa.


5.2.2 Formação de preços de venda
                É uma das melhores utilizações do custo padrão. Apesar de, teoricamente, ser o mercado que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente calculado em cima das condições de custo das empresas. Dessa forma, como elemento inicial para formação de preços de venda, devemos utilizar o custo padrão, pois ele traz todos os elementos necessários para parametrizar um preço de venda ideal. Esse assunto será estudado no Capítulo 8.


5.2.3 Acompanhamento da inflação interna da empresa
                Outra utilização do custo padrão é no acompanhamento da inflação interna da empresa. A estrutura de custos padrão é a base de dados mais recomendada para construção das cestas de apuração da inflação da empresa. Mensalmente, utilizaremos as estruturas padrões para avaliar o crescimento do nível dos custos internos da companhia.






[1] PELEIAS, Ivam Ricardo. Contribuição à formulação de um sistema de padrões e análise de sua aderência ao processo de gestão, sob a ótica do modelo Gecon. São Paulo, FEA/USP, Tese de Doutoramento, 1999, p. 102.

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