Formas de Custeio: Custo
Padrão e Custo de Reposição
Definido o método
de custeio, a etapa seguinte consiste em escolher a forma ou sistema de
custeio. Como já vimos, a forma de custeio está ligada à teoria e modelos de mensuração. Neste
momento, trata-se de optar qual o padrão monetário a ser utilizado dentro do
método de custeio.
O
modelo de mensuração natural parece ser obviamente o custo real. Nos primórdios
da contabilidade de custos isto era uma verdade. Contudo, a consolidação dos
conceitos de planejamento, orçamento, administração por metas ou objetivos,
desenvolvimento de produtos, trouxe a
necessidade gerencial de antecipação da informação do custo futuro dos produtos
e serviços. Tendo em vista que o custo real
para ser calculado é necessário o uso de informações passadas, surgiu o
conceito de custo padrão. O custo padrão é calculado baseado em eventos futuros
de custos ou eventos desejados de custos, que podem ou não acontecer na
realidade da empresa.
5.1
Definição e características
Um
padrão representa medidas físicas e monetárias, relativos a elementos de
receita e custo dos eventos, transações e atividades adequadamente mensurados,
que deveriam ser atingidos a partir de condições preestabelecidas, vinculadas à
decisão de elaborar uma unidade de produto ou serviço, num determinado momento
de tempo.[1]
5.1.1 Características
O custo padrão tem
as seguintes características:
·
Compõe-se de elementos físicos e monetários.
·
Utiliza-se de dados e informações que devem
acontecer no futuro.
·
Deve ser cuidadosamente predeterminado, dentro
de bases unitárias.
·
Aplicável basicamente a operações repetitivas,
servindo como medida predeterminada estável para processos e atividades organizacionais específicas.
·
Deve servir como modelo de comparação ou meta.
O conceito de custo
padrão representa um grande avanço para a contabilidade de custos. Permite
trabalhar a gestão de custos dos produtos e serviços de forma antecipada, ao
mesmo tempo que dá a possibilidade de aplicação como parâmetro para avaliação
de desempenho das tarefas e pessoas responsáveis pelas operações e aquisição de
recursos.
5.1.2 Custos
orçados ou estimados
A
diferença entre custos orçados ou estimados e custo padrão está em que os
custos orçados procuram identificar os custos que deverão ocorrer no futuro,
enquanto que o custo padrão pode incorporar metas de realização de custos. Os
custos orçados tem por base antecipar os gastos que deverão ocorrer e que
afetarão o custeamento dos produtos. Em
outras palavras, os custos orçados ou estimados tem como foco os custos que devem acontecer, enquanto que custo
padrão tem como foco os custos que deveriam
acontecer.
5.2
Finalidades do uso do custo padrão
O
custo padrão é uma das técnicas para avaliar e substituir a utilização do custo
real. Independentemente de a empresa utilizar o método do custeio direto ou
custeio por absorção, ela pode utilizar o conceito de custo padrão. Custo
padrão se diferencia do custo real, no sentido de que ele é um custo normativo,
um custo objetivo, um custo proposto ou um custo que se deseja alcançar.
Por
isso, na elaboração do padrão, a empresa pode incorporar metas a serem
atingidas pelos diversos setores fabris e operacionais, no sentido de que tais
avaliações de custos sejam alcançadas. Nesse sentido, o custo padrão é uma
ferramenta indispensável para controle dos custos, das operações e das
atividades.
O
custo padrão pode ser utilizado para diversas metas ou objetivos. Entendemos,
porém, que o maior objetivo do custo padrão está ligado aos conceitos de controlabilidade empresarial.
Assim, os objetivos mais importantes do custo padrão seriam:
a)
determinar o custo que deve ser, o custo correto;
b)
avaliar as variações acontecidas entre o real e o
padronizado;
c)
definição de responsabilidades e obtenção do
comprometimento dos responsáveis por cada atividade padronizada, servindo como
elemento motivacional;
d)
avaliação de desempenho e eficácia operacional;
e)
base para o processo orçamentário.
Além
disso, podemos identificar outros aspectos importantes como veremos a seguir.
5.2.1 Substituir
o custo real
O
custo real representa o custo acontecido. Como instrumento de planejamento
estratégico ou operacional, o custo real não tem nenhum significado. O custo
real para avaliação de inventário serve apenas para atender as necessidades
legais e fiscais da contabilidade empresarial.
O
custo real tem validade apenas no sentido em que, após a análise de suas
variações, em cima de um custo padrão, identificam-se as causas do porquê das
variações, e através delas, se permita corrigir os rumos atuais. Para o dia a
dia, o custo padrão representa muito mais utilidade que o custo real. Além
disso, o custo real apresenta muita variabilidade unitária, uma vez que depende
do volume de atividade, produção ou venda. Adicionalmente, sabe-se que um
sistema de apuração do custo real para todAs as atividades, processos, produtos
e serviços tende a ser lento e caro.
Outra
vantagem na substituição do custo real está em que o custo padrão não precisa
ser calculado mensalmente. O seu cálculo pode ser feito a períodos de tempos
maiores, como seis meses ou um ano. A sua atualização pode ser feita pelos
critérios de inflação interna da empresa.
5.2.2 Formação
de preços de venda
É
uma das melhores utilizações do custo padrão. Apesar de, teoricamente, ser o
mercado que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente
calculado em cima das condições de custo das empresas. Dessa forma, como
elemento inicial para formação de preços de venda, devemos utilizar o custo
padrão, pois ele traz todos os elementos necessários para parametrizar um preço
de venda ideal. Esse assunto será estudado no Capítulo 8.
5.2.3 Acompanhamento
da inflação interna da empresa
Outra
utilização do custo padrão é no acompanhamento da inflação interna da empresa.
A estrutura de custos padrão é a base de dados mais recomendada para construção
das cestas de apuração da inflação da empresa. Mensalmente, utilizaremos as
estruturas padrões para avaliar o crescimento do nível dos custos internos da
companhia.
[1]
PELEIAS, Ivam Ricardo. Contribuição à
formulação de um sistema de padrões e análise de sua aderência ao processo de
gestão, sob a ótica do modelo Gecon. São Paulo, FEA/USP, Tese de
Doutoramento, 1999, p. 102.